Por que se preocupar com o recente vazamento de 1,4 bilhão de senhas na “dark web”
Ataques hackers e violações de segurança estão longe de ser algo raro nos tempos de hoje. Agora, uma nova quebra de segurança (das grandes) entra para a lista. Um arquivo com aproximadamente 1,4 bilhão de logins e senhas roubados acaba de ser encontrado na dark web — uma espécie de camada da internet mais difícil de ser acessada. A descoberta foi feita por uma empresa de segurança e descrita pela companhia em seu perfil no Medium.
De acordo com a empresa de segurança, trata-se da maior base de dados desse tipo encontrada na dark web até hoje — são 41 GB de conteúdo. Informações de usuários do Netflix, LinkedIn, Last.FM, MySpace, YouPorn e até dados de carteiras de bitcoin foram encontrados. “Nenhuma das senhas é criptografada e o que assusta é que, ao testá-las, a maioria foi verificada como verdadeira”, diz o texto da empresa de segurança.
Esse vazamento está longe de ser inofensivo. E princípio, parece que o máximo que alguém poderia fazer com a sua senha do Netlix é assistir a Stranger Things às suas custas. Mas o grande problema reside no fato de que boa parte das pessoas tende a reutilizar a mesma senha em outros serviços.
“Não é apenas uma lista. É um banco de dados agregado e interativo que permite pesquisas rápidas (com respostas de um segundo)”, diz a empresa de segurança. “Dado o fato de que as pessoas reutilizam senhas em suas contas de e-mail, redes sociais, comércio eletrônico, bancário e trabalho, os hackers podem automatizar o sequestro ou a aquisição de contas.”
Marco Ribeiro, professor de segurança da informação na FIA, alerta para o perigo do chamado phishing. São mensagens falsas que imitam comunicados ou promoções de empresas para estimular o usuário a clicar no conteúdo. Uma vez que ele entra na página e coloca seus dados, um programa tentará usar aquela mesma combinação para acessar outros serviços.
Seja por causa de um ataque hacker contra uma companhia ou devido ao phishing por email, a reutilização de senhas pode ter efeitos “catastróficos”, defende Ribeiro. “Digamos que você tenha uma conta no Submarino que foi roubada e use a mesma senha no seu email pessoal. O hacker pode fazer uma transação e confirmá-la sem que você perceba. Tem uma gama muito grande de informações que podem ficar vulneráveis.”
Para estar sempre protegido, o usuário deve manter senhas diferentes em cada serviço. Segundo o especialista, o ideal é que sejam longas. E nada de “123456789” ou a data do seu aniversário. Isso porque há programas que geram possíveis senhas com base nas suas informações pessoais ou em combinações óbvias. Ribeiro recomenda “contar uma história” na senha, para que seja mais fácil de lembrar e também mais segura. Exemplo:
“estanovasenhaé10emuitomelhordoqueaoutra”
“nonatalvoupassartresdiasnacasadaminhavo”
“porqueeuaindausoessesiteem2017”
O usuário também pode trocar alguns caracteres por números ou sinais de pontuação. Mas Ribeiro destaca que, mais importante do que encher a senha de caracteres especiais, é fazer uma senha longa e criativa. Ele também recomenda criar um novo usuário no seu computador e utilizar o perfil de administrador somente quando necessário — para instalar algum programa, por exemplo. Desse forma, você se protege contra eventuais vírus.
O professor de tecnologia da informação Stuart Madnick, do MIT, afirma que a probabilidade de um ataque cibernético de grandes proporções, com impactos devastadores sobre cidades e países inteiros, é cada vez maior. A melhor defesa: um planejamento amplo e visionário.
Fonte: Época
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