Segurança pública: A aposta na inteligência
Nos últimos anos, o crescimento acelerado das pequenas e médias cidades ao redor do mundo fez com que passassem a enfrentar inúmeros desafios, até então típicos dos grandes centros urbanos. Questões como o aumento da eficiência do transporte coletivo, ou como tornar mais inteligente o gerenciamento do tráfego e o abastecimento de água e, principalmente, a segurança, entraram definitivamente no rol de preocupações dos gestores públicos. E, para atender essas demandas, um grande número de cidades têm recorrido mais e mais à tecnologia para garantir o bom funcionamento de toda a infraestrutura urbana e dos serviços necessários para a melhoria da qualidade de vida da população.
Um relatório recente da empresa de consultoria e pesquisa Frost & Sullivan mostra que, ao mesmo tempo que os desafios se tornam cada vez mais complexos, surgem um sem-número de soluções tecnológicas, o que tem impulsionado o conceito de cidades inteligentes, ou smart cities. Já adotado em larga escala por várias metrópoles no mundo, principalmente na Europa e nos EUA, ele agora, começa a ganhar força na América Latina, com o propósito de tornar os centros urbanos mais conectados, eficientes e seguros.
Várias cidades da região já estão utilizando dispositivos de IoT (Internet das Coisas), tecnologia considerada peça-chave para soluções de cidades inteligentes. Algumas dessas soluções incluem sensores conectados em rede à uma nuvem com plataformas especiais de processamento, big data e inteligência artificial para fornecer, por exemplo, rotas alternativas e reduzir os engarrafamentos ou responder rapidamente aos casos de acidentes no trânsito e até mesmo prevenir catástrofes naturais. Há cidades que estão lançando mão de soluções de IoT para conectar diferentes máquinas (M2M) usadas nas áreas de saúde, transporte e segurança pública.
Um exemplo disso é a província argentina de Tigre, na Grande Buenos Aires, que fez da segurança sua principal prioridade. O município contratou a NEC para fornecer um sistema de monitoramento urbano com o objetivo de aumentar a segurança dos locais públicos da cidade. A solução incluiu a implantação e operação de um centro de comando e controle totalmente equipado com mais de 700 câmeras de vigilância e aplicativos de reconhecimento facial e detecção de comportamentos para ajudar o operador a identificar criminosos e tentativas de invasões, além de localizar pessoas perdidas e detectar comportamentos suspeitos em multidões.
Mais inteligência nas decisões
As cidades que estão implantando projetos de cidades inteligentes levam em conta não apenas a utilização da tecnologia no dia a dia para melhorar a qualidade de vida e segurança da população, mas, também, para promover integração entre todos os setores da administração pública e obter informações mais acuradas e precisas para as tomadas de decisão.
Uma das iniciativas nesse sentido é da Receita Federal do Brasil, que usa um software de reconhecimento facial para facilitar a identificação de pessoas já registradas por alguma contravenção anterior. O órgão instalou o sistema NeoFace Watch da NEC em 14 aeroportos internacionais do país, incluindo o Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, e o Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. A ferramenta foi desenvolvida para identificar suspeitos potenciais, considerados pela Receita como envolvidos em atividades ilegais, nos postos de controle da alfândega.
A solução possibilita o reconhecimento biométrico facial de forma automática e não invasiva, por meio de fotos, imagens de sistemas de CFTV, vídeos gravados e webcams. Ela pode ser utilizada em diferentes verticais de negócios para identificar pessoas, tanto em aplicações de segurança quanto em CRM. No caso da Receita Federal, a solução inclui câmeras, servidores e o aplicativo de reconhecimento facial e estará totalmente integrado aos sistemas já existentes na instituição. Este é o primeiro projeto governamental brasileiro que utiliza esta solução da NEC.
Fim da violência no futebol
O conceito de cidades inteligentes na estrutura de segurança abarca também grandes eventos, como shows nacionais e internacionais, eventos culturais e esportivos, entre outros. Na América Latina, onde os estádios de futebol têm sido palcos de confrontos entre torcedores, as autoridades têm lançado mão da tecnologia para diminuir a violência durante os jogos.
Em Medellín, na Colômbia, eram recorrentes as brigas entre torcedores durante os jogos dos dois maiores times da cidade, o Independiente de Medellín e o Atlético Nacional, que chegaram a resultar até mesmo em morte. Para acabar com os crimes, comportamentos violentos e vandalismos durante as partidas de futebol, os órgãos de segurança pública do país implantaram o Sistema de Reconhecimento Facial da NEC que utiliza 170 câmeras de vigilância estrategicamente posicionadas em toda a vizinhança e nas entradas do Estádio Atanasio Girardot, o terceiro maior da Colômbia, com capacidade para mais de 40 mil espectadores.
As câmeras captam as faces das pessoas e as imagens são comparadas com uma “lista negra”. Assim que o sistema identifica uma pessoa dessa lista na fila da catraca, um SMS é enviado para os funcionários responsáveis, que poderão impedir a entrada do indivíduo. O ciclo de eficiência da tecnologia se completa à medida que a “lista negra” também é alimentada por dados provenientes da polícia e outras autoridades públicas. Ou seja, centenas de pessoas estão na mira do sistema de monitoramento o tempo todo e, no momento em que uma perturbação ou situação de violência é rastreada, as câmeras capturam as faces dos indivíduos envolvidos, aumentando a segurança e também o banco de dados da “lista negra”.
Há inúmeros outros exemplos de uso da tecnologia em prol da segurança pública. Mas o relatório da Frost & Sullivan chama atenção para o fato de que as áreas urbanas da região só irão evoluir à medida que governos e corporações passarem a dar prioridade à construção de cidades cada vez mais conectadas e inteligentes, que integrem tecnologias e infraestruturas ciberfísicas, criando eficiência ambiental e econômica. Isso, afirma o estudo, proporcionará uma melhor qualidade de vida para os cidadãos, o que é essencial para tornar qualquer cidade competitiva e atraente para novos negócios.
Fonte: Computer World.
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